terça-feira, 23 de julho de 2019

Os bisavós...


Lembro de minha bisavó que nasceu em Paradela do Monte - lembro porque a conheci em vida - sentada numa cadeira, na eira da casa de meu pai em Fornelos ensinando às mulheres como fazer enchidos de porco. Quem matava os porcos eram os homens. E só porque mulheres morrem mais idosas que os homens. De meu bisavô nem foto, de meu avô só por foto, chamava-se Manuel da Cal.

Não vou dizer que amo meus ancestrais, porque não os conheci. Respeito-os, tenho consideração, e doaria boa parte de meu sangue para vê-los ressuscitar... Se o desejassem, coisa que duvido... Imaginem terem que lidar com computadores, assistir filmes coloridos na TV, operar celulares... Nem lhes perguntem o que é "Uótezap"...

O passado morreu....

Ninguém se lembra de quem nunca viu...

Eu lembro da gatinha linda de minha neta, a Lalá, apelido de "lacinho", porque em sua pelugem malhada de branco e preto, tinha uma mancha preta em forma de laço... Ela dormia comigo todos os dias esquentando meus pés, dava-me massagens com as patinhas, olhava-me nos olhos quando queria algo ou sentia que algo me preocupava... Raramente saía de meu lado, dava-me uma leve mordidinha no braço pra lhe dar ração ou água...

Ontem foi um dia muito triste... Em 12 horas, uma mordida de uma aranha-marrom lhe tomou da patinha à omoplata... Bastava dar uma leve pressão na pele dela, que o sangue lhe saía pelos poros, coisa que acontecia sempre que ela encostava a pata no solo. um sintoma muito parecido com vítimas de contato com gases tóxicos na produção de glyphosate nas fábricas da Monsanto... Montei a de São José dos Campos, SP.

Enquanto viver sempre me lembrarei da bela e doce Lalá de olhos verdes leais, minha companheira de cama de inverno, dos dias felizes em que conversávamos sobre coisas que só ela podia ouvir e entender com toda a atenção...

Agora entendo o que levava os antigos egípcios a embalsamar gatos... A esfinge é uma "gata"...

Estou de luto!!

RR
__________
aranha marrom
Lalá com uma hora após a mordida
gato egípcio embalsamado

quinta-feira, 18 de julho de 2019

sobre bondes

 
Em 1950 eu tinha 5 anos. Andei em "elétricos" destes, os amarelos, no Porto e em Lisboa. Agora há mais modernos, mas estes são muito bons ainda e há muitos muito bem conservados.
Quando saí de minha terra (Fornelos) com meu pai, pernoitamos no Porto em casa de um primo dele o Filinto, que tinha umas filhas muito bonitas de quem gostei muito e que mais tarde revi em Lisboa. Nunca mais ouvi notícias do Filinto e das filhas dele desde então. Minha família emigrou para o Brasil, Canadá, EUA, Austrália...
Minha família precisa de "espaço"!
Quando em 1962 cheguei ao Brasil cheio de sonhos que não realizei, porque outros sonhos surgiram ainda melhores e realizei todos, menos o de ter um lugre à vela, dos antigos, havia bondes verdes em todas as ruas... Pensei: Mudou a cor mas estou em casa! Aprendi rapidinho a chiar carioca, e a me "entrosar" com a turma, deixando "a malta" no cais de Lisboa...
A não ser pelo Lobby da Petrobrás, nunca entendi aquela coisa esdrúxula e bandida de acabarem com os bondes!!!
A corrupção já vem de muito longe, embora não fosse tão gritante como nos governos de FHC, Lula e Dilma... Nos demais países da América do Norte, Ásia, Europa, nunca largaram o bonde por ser o transporte mais barato. Acho que sofremos da "Síndrome de novos ricos", assim como Lula e Dilma "perdoando" dívidas, coisa nunca vista, senão só e somente só em maracutaias.
Ainda tenho esperanças na volta dos bondes ao Brasil. As primas eram muito bonitas!
Quanto ao lugre, hoje com 73 anos, teria que vendê-lo, embora tenha todo o tempo do mundo pra navegar nele. Se o tivesse tido antes não teria tido tempo para o usar por causa do trabalho que precisei realizar para suportar os sonhos...
Meus sonhos foram sempre "auto-sustentáveis" !
Rui Rodrigues